Gely Arruda

Contos e Poesias

Textos


                                          Renúncia

                                  Maria, uma senhora simples, moradora da periferia, casada á 35 anos, criara os 03 filhos, com todo conforto, amor e carinho, seu marido um servente de pedreiro bem sucedido, pois era competente e caprichoso, ao decorrer dos anos acumulou alguns bens, não dava para ser um grande milionário, mas dava para viver confortavelmente.
                                  Daniel seu filho mais velho, formou-se em administração e tornou-se um grande executivo, casou-se com Ana que odiava Maria, talvez por ser mãe protetora, na incompreensão de sua nora, pouco via o filho. o neto então, nem pensar.
                                 Daniele, a filha do meio, era pank, usava o cabelo vermelho, ora azul, espetado para cima, as vezes usava modelo safari, tinha um filho, "produção independente", ela falava, mas quem o criava era Maria. Dani curtia a vida, só baladas, não estudava, não trabalhava.
                               Caio era o caçula, mimado pela mãe, seu filho predileto, tinha carro, moto, não que trabalhasse, mas sua mãe dava-lhe de tudo, era do tipo metido, cheio do eu. só ele sabia as coisas, se algum moleque fazia alguma coisa errada, lá estava Caio, fazendo cobranças e chamanda atenção como se fosse pai dos meninos, mas as fofoqueiras de plantão diziam que ele era envolvido com furtos e pequenos delitos.
                              As brigas entre Maria e seu Marido Mário, eram frequentes por causa de Caio. Quase nem se falavam, Maria o desprezava, achava que ele tinha que morrer logo, pois só assim desfrutaria dos bens e do seu dinheiro sem prestar contas, apesar de ela estar no comando das finanças. Mario tinha sofrido um acidente no trabalho e estava aposentado por invalidez e até para comprar cigarros tinha que pedir dinheiro para ela.
                             Moravam num prédio de quantro andares, onde 0 4º andar era a casa deles, o 3º e 2º andar eram pequenos apartamento, 0 1º eram salões, os quais alugavam.
                            Num dos apartamentos morava Cintya, separada do marido, já algum tempo, com um filho de 13 anos, independente, jovem e linda. Todos os dias Cintya encontrava com Mário no corredor.
- Bom dia, Sr. Mário! como o sr. está bonito hoje! e assim era sempre um elogio.          
                           Mario acustumado a ter apenas o desprezo de sua mulher. começou a gostar de Cintya e os papos começaram a ser muito mais que um simples bom dia.
                          Cintya, começou sentir atração por aquele homem, 15 anos mais velho, pensava nele com frequência, passou seu telefone para ele, um mês depois Mário tomou coragem e ligou para Cintya e combinaram em tomar um suco qualquer dia.
                          Para surpresa de Cintya, quando chegou na estação de trem, lá estava Mário esperando por ela.
                         - Oi o suco pode ser hoje?
                         - Sim, mas não posso demorar.
                        Caminharam por alguns metros, ali adiante um motel, Mário segurou no ombro de Cintya e tirando a RG. do bolso da camisa a conduziu até a portaria.
                        - Você me convidou para um suco! disse Cintya indignada, nem me perguntou nada, já está até com a RG na mão, você está enganado comigo.
                       - Calma, me desculpe, eu pensei que você queria.
Todo desconcertado, acompanhou Cintya até a entrada do prédio, sem pronunciarem uma só palavra.
                       Dois meses, depois de muita insistência, Mário consegue falar com Cintya, quando se olharam, não conseguiram fugir da saudade que estavam um do outro, daquele amor que estava acontecendo, não foi possível evitar, os beijos, nem os desejos, tornando-se assim amantes.
Mas eram honestos demais, para continuar com aquela situação e cabia a Mário tomar uma decisão, "a separação".
                       Conversou com Maria abriu seu coração, foi mais honesto que pode, claro Maria não aceitou, brigaram e a situação ficou ainda pior do que já era.
Maria chamou Cintya para conversar, disse a ela que não ia abrir de nada do que era dela, se ficasse com Mário não ia levar junto os bens, que Cintya estava interessada, pois uma moça bonita como ela não poderia gostar de um velho tão asqueroso como Mário.
                      Cintya ficou triste achou que Maria não queria perder Mário, mas só estava interessada no que ele tinha, pobre Mário, pensou Cintya, contituir uma família, uma vida para depois ser analizado daquela maneira.
Conversou com Mário, disse para ele, deixar tudo não precisava, levar nada, não precisavam pois tinham muito amor e começariam do nada, Mário achava injusto pois foi ele quem construiu o que tinham, mas Cintya não precisava de casas de alugueis, casa na praia. casa no campo. apenas precisava dele, não importava a idade sómente o amor.
                      Màrio ficou de cuidar da separação, Cintya era a mulher mais feliz do mundo.
                      Maria começou atormentar a vida de Cintya, entrava na casa dela quando seu filho estava sozinho, dizendo que estava procurando seu marido que a mãe dele tinha roubado, fazia despacho de macumba, deixava na sua porta. Inúmeras vezes, Cintya teve que limpar a frente do apartamento antes de trabalhar, porque estava cheio de sangue, velas pretas, e tudo mais.
                      Precisava mudar dali, precisava conversar com Mário, o qual disse que também precisava falar muito com ela.
                      - Preciso viajar, tenho que vender uma das casas que eu tenho na Bahia, falei com Maria e ela concordou, vamos juntos para lá, para assinarmos os papeis e depois que resolver tudo eu volto e vamos viver juntos, pois a Maria vai ficar morando lá.   Cintya não estava acreditando no que ouvia.
                     - Não quero que você vá Mario, não precisa vender nada, se você for eu vou te perder.
                     - Só um mês apenas, depois vamos ter todo o tempo do mundo, me espere Cintya, eu vou voltar logo, talvez nem será preciso um mês.
Cintya, chorando viu Mario partir. Um, dois meses nada de Màrio retornar, sonhava com ele voltando, ouvia a voz dele no corredor e nada.
                      Mudou de casa, de emprego, quatro meses, nada de Mário.
seu filho Caio a perseguia, dizendo que o pai tinha se reconcilhiado com sua mãe estavam felizes, se não servia o filho, ele era mais jovem mas que para uma vagabunda como ela qualqer um servia.
                     Um ano passou, Mário não voltou, Cintya conheceu um rapaz e começou a namorar com ele, jovem, da sua idade, mas o amor por Mário era presente em seu coração.
                     Passando em frente a casa de Mário, um choque! não era possível! Mário estava lá, quase desmaiou, não sabia se chorava ou se sorria.
                    Mário não a procurou, estava bem com sua mulher, comentou uma amiga, Cintya disse a amiga que ainda amava Màrio e que deixaria tudo por ele, sabendo disso Mário foi até a casa de Cintya, mas ela não se encontrava, estava lá seu namorado, e Mário disse que tinha um caso com Cintya e que precisava falar com ela.
                   Revoltada Cintya foi até ele, lá estavam mulher e marido, sentados na calçada do prédio, e logo foi dizendo que negocio era aquele de ir a casa dela e falar para seu namorado que tinha um caso com ela, sendo que não tinham nada, Maria toda nervosa falou que não acreditava que Mário tivesse ido atras dela.
                  Para o desapontamento de Cintya ele respondeu que amiga dela havia dito que Cintya precisava muito falar com ele, porque estava precisando de dinheiro e que se ele não desse, ela não os deixariam em paz.
O namorado terminou com Cintya, a qual desiludida, triste sozinha segui seu caminho.
                  Um tiroteio, em frente a sua casa, isso é a coisa mais comum num bairro simples da cidade de São Paulo, um corre aqui outro lá, alguém grita!
               - Atiraram no Caio!
               - Que Caio?
               - Filho do Mário, Cintya sai no portão lá está ele caido no chão sangrando muito. se aproxima coloca a cabeça dele no seu colo, pede socorro mais é tarde, Caio está morto, levanta a cabeça e seus olhos cruzam o de Maria, que vem correndo que no seu desespero de mãe nem percebeu que ali estava Cintya que entregou Caio para ela morto.
               Sentiu pena daquela mulher pois também era mãe e imaginava a dor que estava sentido.
               Com a morte do filho Maria entrou em depressão, foram embora para Bahia, no prédio chique do bairro ficou Daniela que o transformou num cortiço, no lugar na tintura aristocrata, hoje é pixado com slogan das músicas funk, e apologia as drogas.
              23 horas, Cintya sózinha em casa, pois seu filho agora é um rapaz, fica mais na casa da namorada, batidas fortes na porta, a fazem despertar das lembranças.
Na sua frente estáva Mario, abatido, sofrido, pedindo perdão, pois a amava muito, mas para o bem dela for preciso renunciá-la, por alguns minutos desejou jogar-se nos braços daquele homem.
              Mas a razão falou mais alto do que o coração, disse que o perdoava, mais era tarde para os dois, não era justo o que estava fazendo com sua mulher, tinha que cuidar dela, agora que estava doente, que tinha feito a escolha dele.
Mário saiu, triste, calado, para nunca mais voltar.
Será?



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Gely Arruda
Enviado por Gely Arruda em 10/07/2007
Alterado em 08/06/2020
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