Gely Arruda

Contos e Poesias

Textos


                      Personagem do Horror.

Preso já ha mais de um ano e condenado por um crime que não cometi, vivi ali nanquele CDP ( Centro de Detenção Provisòria),os dias mas tristes de minha vida, trancado naquele calabouço, acordava todos os dias com a esperança de que cantasse o meu alvara de soltura.

Estava no raio dos condenados sabia que cedo ou mais tarde cantaria meu bonde (trasnferencia para penitenciária), pois após a condenação somos transferido para cumprir pena numa penitenciária, onde dizem ser melhor, para readaptção dos presos, onde podem trabalhar e estudar.

Tudo isso seria suave e certo se eu fosse culpado, mas fui acusado e condenado e tenho que cumprir o que me foi imposto pela juiza que me julgou e não adianta eu gritar e dizer que sou inocente, sou tratado como um ladrão, vivo no meio deles, e não sou só eu que sou inocente que foi condenado injustamente, existem outros, não todos, mais alguns.

Era noite já estavamos deitados, quando abriu a gaiola e o funcionário,começou a chamada para o bonde (onibus que transporta preso), gelei quando ouvi meu nome, era vespera de Natal e queria passar o Natal com minha família, guardei em vão pelo meu semi-aberto e pelo induto de Natal.

Ali tantos culpados e de provas contudentes, saiam e eu ficava, vi presos que chegaram junto comigo sair, e quem chegou depois também, presos que realmente tinham roubado, ferido a vítima saiam e eu inocente ficava, desesperado, doente, por não me adaptar a alimentação do presídio, pois só comia nos finais de semana quando minha mãe e esposa vinham me visitar, porque a comida é horrivel, muitas vezes chegava até nós azeda.

Ver minha mãe e minha esposa naquele lugar era o que mais me entrestecia, pedi perdão a minha mãe pois não era a vida que eu queria para ela, porém não dependeu de mim, fui forjado por maus policiais corruptos, que para mim são os piores bandidos, muitos maisperigosos dos que estão aqui presos, porque os daqui assumem sua posição de marginais, e os maus policiais se escondem atraz da farda que vestem e do Estado que os protegem. 

Fiquei desesperado quando falaram meu nome, mas tinha que ir, fui para a inclusão (local onde o preso fica isolado) com demais presos para aguardar a hora da viajem, eram 23:00h do dia 14/12 de uma sexta feira.

Saimos do CDP as 9:00h do sabado, num bonde de 02 metros por 06 metros divido em 04 partes com 20 presos em cada parte, viajamos 14 horas, algemados em pé, sem agua, sem comida e sem poder ir ao banheiro, no mais puro sofrimento, na pior condição desumana que um homem pode proporcionar ao outro.

O calor era infernal, devido a fobia que tenho por lugares fechado, cheguei la quase em óbito, com as pernas completamente paralizadas, e o corpo todo amortecido, pensei que ia morrer.

Não nos tiraram do bonde, ficamos la dentro ainda por quase duas horas, comecei a rezar e pedir para Deus cuidar de minha mãe, da minha esposa e dos meus filhos que desse consolo a elas porque eu tinha chegado no meu limite.

Ficamos batendo no bonde pedindo pelo amor de Deus que nos deixassem sair, quando abriu o bonde, pedi ao Agente Penitenciário agua, porque estava morrendo de sede, recebi um murro nas costa, e ele me disse que ladrão não mandava nada ali, quem mandava era a policia, surpreso, perguntei se o tratamento ali era assim, se era justo, recebi outro murro nas costas, onde não resisti e cai.

Me jogaram na inclusão, dizendo que eu estava morrendo e que ia depender dos presos se eu ia sobreviver ou não, que eles cuidadessem de mim, os presos que fizeram em mim massagens, e me deram leite, e assim fui melhorando aos poucos.

Fiquei tres dias sem comer, pois só foi servido comida para nós na segunda feira na hora do almoço, fiquei 20 dias na inclusão com a roupa do corpo, pois nos deixam ali para adaptação segundo eles, mas na realidade é o castigo da casa que o preso tem que pagar, quando chega na penitenciária, eles não querem saber se seu delito é pequeno , se és inocente ou se é bandido o tratamento é igual.

Aqui ainda me encontro á 700km de Sâo Paulo, distante de minha família, doente e desacreditado da justiça, ao contrário do que diziam que seria melhor é engano, aqui é o pior dos infernos, não tem trabalho, nada para se distrair nem rádio podemos ouvir, a comida é pior ainda, a adaptação é difícil com presos que são realmente ligados ao crime.

Mas ainda, não perdi a fé na justiça de Deus porque nas dos homens não acredito mais, apenas nós pobres permanecemos presos, os ricos, pagam sentenças e nem por aqui passam ou saem logo.

Essa fé é que mantem vivo porque aqui muitas vezes você se lamenta por estar vivo, o sofrimento é tanto que se chega a desejar a morte.

A lei das execuções penais diz que todo homem condenado, deverá ser colocado num presídio onde possa cumprir sua pena em paz com a proteção do Estado, mas na realidade, somos espacados, vivemos como ratos, e em muitos presídios, presos são espacandos pelo agente penitenciário até a morte e em alguns desses presídios é servido comida com caco de vidro e veneno.

Falam na televisão que foram os presos que mataram, mas o pobre coitado apanhou dos agentes com pedaço de ferro até a morte.

Tenho medo de isso acontecer comigo, acredito que o homem tem que responder pelos seus atos e pagar pelos seus delitos, mas morrer espancado ou envenado é contra a contituição pois no Brasil que eu saiba não existe pena de morte, porque uma pessoa errou e é pobre tem que morrer aos poucos, sob tortura? Ela ja está condenada pagando por seus delitos no inferno, não tem necessidade do diabo vir e pisar em cima.

Nossa família, tem que nos sustentar de tudo, aqui dentro, ao contrário do que dizem que o Estado gasta uma quantia enorme com os detentos, quem gasta é a nossa família que aqui tem que nos fornecer até papel higiênico.
A família faz o maior sacrificio para comprar tudo e trazer, todo o peso de São Paulo, quando chega aqui as maioria das coisas não entram, não fornece uma lista do que pode entrar.

Quando a Blits, entra joga fora todas as nossas coisas, deixando nos sem nada, e os cigarros que temos se for de uma marca melhor da que normalmente é usada nos presídios, os agentes pegam para eles e temos que ficar calados se falarmos alguma coisa, apanhamos. 

Assim aqui na minha cela, triste e solitário sou apenas mais um personagem do horror, almejando a tão sonhada liberdade, o melhor bem que o homem pode ter, pena que muitos não tem a conciência disso. 

Disse o senhor Jesus: "Aquele que nunca errou e se julgar totalmente justo, que atire a primeira pedra". E mais adiante diz." Não há um justo sequer na face da terra". Portanto qualquer um está sujeito a passar por um problema parecido, mesmo não tendo cometido crime algum.
Gely Arruda
Enviado por Gely Arruda em 17/02/2008
Alterado em 05/06/2020
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